terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Mar


A iminência de mais um fim de semana prolongado, aproxima-me do sempre almejado e jamais adiado reencontro com o Mar, ente querido ao qual devoto uma singular e dedicada paixão. Desta feita, o rendez-vous está previsto para ocorrer no litoral norte paulista, onde a calma placidez do mesmo, substitui a hipnotizante violência e arrogância salgada, do seu longínquo e inconformado congênere lusitano.

Difícil descrever a irresistível atracção pelo Mar, as horas infindas que nos dispomos a ouvir o seu rumor ou bradar, anestesiados pela sua tão particular e ritmada cadência, verdadeiro aconchego confessional e balsâmico, para a sempre atenta sensoralidade de nossa alma.

O por mim tão apreciado escritor Arturo Pérez-Reverte, produziu aquela que entendo ser a melhor definição, dessa tão voluptuosa extensão de espraiada água salgada:
"La gran ventaja del mar era que podías pasar horas mirándolo, sin pensar. Sin recordar, incluso, o haciendo que los recuerdos quedasen en la estela tan fácilmente como llegaban, cruzándose contigo sin consecuencias, igual que luces de barcos en la noche” (…) “aquello solo pasaba en el mar, porque este era cruel y egoísta como los seres humanos, y además desconocía, en su terrible simpleza, el sentido de palabras complejas como piedad, heridas o remordimientos. Quizá por eso resultaba casi analgésico. Podías reconocerte en el, o justificarte, mientras el viento, la luz, el balanceo, el rumor el agua en el casco de la embarcación, obraban el milagro de distanciar, calmándolos hasta que ya no dolían, cualquier piedad, cualquier herida y cualquier remordimiento. "
APR, La Reina del Sur

Nada poderei acrescentar.

Seguem imagens do "congênere lusitano", à semelhança daquela que serve de ilustrativo cabeçalho, ao singelo texto que antecede:


Sem comentários: